25 julho 2015

A hora da verdade está chegando

Foto: reprodução

Apesar dos desmentidos e das caras e bocas, a ficha começa a cair entre os políticos apanhados pelas investigações da Operação Lava Jato, e mesmo os que ainda tinham alguma esperança de poder refutar as acusações feitas nas delações premiadas agora percebem que suas defesas ficaram mais difíceis, pra não dizer impossíveis. As provas apresentadas pelo Ministério Público Federal e Polícia Federal na denúncia das cúpulas da Andrade Gutierrez e Odebrecht deixam perceber que a investigação avançou muito mais do que se imaginava inicialmente em Brasília, até porque o sofisticado esquema de lavagem de dinheiro até então utilizado, que usava contas secretas e empresas offshore controladas pelas empreiteiras, já não é segredo para os investigadores.

Para desespero dos parlamentares investigados, a colaboração do Ministério Público suíço, que já revelou que empresas da Odebrecht no exterior fizeram pagamentos a ex-diretores da Petrobras em contas secretas, projeta luz sobre os esquemas de financiamento político e eleitoral de partidos. E o temor aumenta porque os caciques do PT e do PMDB sabem que a comprovação dos pagamentos ilegais feitos pela Odebrecht aos ex-diretores Renato Duque, Nestor Cerveró e Jorge Zelada pode acabar motivando novas delações premiadas.

Assim que a Operação Lava Jato começou, os investigadores descobriram que o doleiro Alberto Yousseff foi usado pela empreiteira Odebrecht para distribuir propina, o que Marcelo Odebrecht, presidente da empresa, sempre negou. Agora, com o aprofundamento da investigação e a colaboração do Ministério Público da Confederação Suíça, a versão do executivo cai por terra, já que o relatório suíço a respeito das contas mantidas por empresas ligadas à sua empresa não deixa qualquer dúvida sobre o caminho do dinheiro até os acusados da Lava Jato.

Segundo o relatório, dez empresas offshore alimentadas pela Odebrecht foram usadas para levar os recursos até empresas offshore dos ex-diretores da Petrobras Renato Duque (Milzart Overseas), Paulo Roberto Costa (Sagar Holding, Quinus e Sygnus), Jorge Zelada (Tudor Advisors), Nestor Cerveró (Forbal) e do ex-gerente Pedro Barusco (Pexo e BlueSky). 

Em algumas ocasiões, o dinheiro passava antes por uma outra empresa offshore, também ligada à Odebrecht, em Antígua e Barbuda, Áustria ou Panamá. Essas offshores, alimentadas pela Odebrecht ou por suas subsidiárias em Angola, Venezuela, República Dominicana ou na própria Suíça, se chamavam Smith & amp; Nash, Havinsur, Golac Projects and Construction Corp, Sherkson International, Rodira Holdings (todas na Suíça), Klienfeld Services e Innovation (Antígua), Constructora Internacional del Sur (Panamá), Arcadex (Áustria) e Arcadex Corp (Suíça). Atendendo requerimento do Ministério Público Federal, o sigilo bancário de todas as operações com essas empresas foi quebrado pelo juiz Sérgio Moro.

De acordo com o relatório, estes são os valores e a trajetória dos recursos recebidos:

1) Paulo Roberto Costa
US$ 3,46 milhões (diretamente na Sagar)
US$ 890 mil (via Constructora del Sur)
US$ 550 mil (via Klienfeld)
US$ 4 milhões (via Innovation)
1,93 milhão de francos suíços (na Sagar)

2) Renato Duque 
US$ 565 mil (diretamente na Milzart)
US$ 800 mil (via Constructora del Sur)

3) Jorge Zelada
US$ 2,1 milhões (via Arcadex)
US$ 571 mil (via Klienfeld)
63,7 mil euros (via Arcadex)

4) Nestor Cerveró
US$ 194 mil (via Klienfeld)

5) Pedro Barusco
US$ 2,3 milhões (via Constructora del Sur)
US$ 1,57 milhão (via Klienfeld)
US$ 286 mil (via Innovation)

Ainda segundo o relatório, os responsáveis pela urdidura do esquema foram Humberto Mascarenhas, diretor da Odebrecht, e o americano Barry Herman. As autoridades suíças revelaram que as investigações sobre todas as contas relacionadas à Odebrecht ainda não terminaram e que novas revelações podem acontecer.



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Enquanto isso, como se tudo o que até aqui foi apurado pelas autoridades não passassem de uma lenda, Lula, nosso bravo ex-presidente, disse ontem (24/07), na cerimônia de posse do novo dirigente do Sindicato dos Bancários do ABC, Belmiro Moreira, em Santo André - SP, que existe um clima de ódio e mentira no país, motivado pelo incômodo da elite brasileira com as conquistas sociais do país, que não aceita o resultados das eleições.

Ele também defendeu a "presidenta" Dilma Rousseff e afirmou que o país vai voltar a crescer.

"Eles (a elite) não suportam que em apenas 12 anos nós bancarizamos 70 milhões de pessoas neste país. Isso explica um pouco o ódio, as mentiras e explica um pouco as atitudes de certa forma canalha de alguns segmentos nesse país", vociferou Lula, acrescentando: "Eu ando de saco cheio. Eu ando profundamente irritado. Tudo que é conquista social incomoda uma elite perversa". E finalizou: "Eu acho que nesse clima de ódio estabelecido neste país, de intolerância estabelecido nesse pais, eu acho que existe um certo medo. As pessoas começam a se preocupar com o desemprego – eu sei porque fiquei um ano e meio desempregado. As pessoas começam a se preocupar com inflação".

Lula tem que aprender que não adianta martelar uma mentira porque no fim de tudo a verdade sempre aparece. E dessa vez, salvo engano, a tal hora da verdade está chegando.



Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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