21 novembro 2014

Uma em cada três mulheres no mundo sofre violência do parceiro

Foto: reprodução

Estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde - OMS e publicado na revista médica The Lancet mostra que mais de 30% da população feminina global experimenta ou já experimentou algum tipo agressão física ou sexual de seu parceiro e estima que cerca de 7% das mulheres sofrerão violência sexual por uma terceira pessoa alheia ao relacionamento em algum momento de suas vidas.

A pesquisa revela que, independentemente do aumento da atenção mundial à violência e dos recentes avanços no conhecimento sobre como lidar com esses abusos, os níveis de agressão contra as mulheres, onde se inclui a violência praticada pelo parceiro, o estupro, a mutilação genital, o tráfico e os casamentos forçados, continuam "inaceitavelmente" altos, com graves consequências para a saúde física e mental das vítimas.

No mundo todo, cerca de 100 a 140 milhões de mulheres já foram submetidas à mutilação genital, risco que afeta mais de 3 milhões de mulheres apenas na África. Por questões culturais ou religiosas, como preferem alguns, cerca de 70 milhões de meninas em todo o mundo foram obrigadas ao casamento, antes dos 18 anos, mesmo contra a vontade.

Mas há os casos de puro machismo. O governo indonésio, por exemplo, submete as candidatas à Polícia Nacional da Indonésia a "testes de virgindade" discriminatórios e degradantes, segundo um relatório publicado recentemente pela Human Rights Watch, que divulgou também um vídeo que documenta a investigação do caso.





- O uso pela Polícia Nacional da Indonésia de "testes de virgindade" é uma prática discriminatória que fere e humilha as mulheres - disse Nisha Varia, diretora associada de direitos da mulher da Human Rights Watch.

Referidos testes são realizados como parte do regulamento que exige que candidatas femininas da academia de polícia se submetam a exames de "obstetrícia e ginecologia", e embora o regulamento não exija um teste específico de virgindade, membros da própria instituição disseram à Human Rights Watch que essa tem sido a prática e que nela as candidatas são obrigadas a passar pelo "teste de dois dedos", critério degradante para determinar se seus hímens estão intactos.

O relatório da OMS chama atenção para o fato de que mesmo em países onde as leis são progressistas, muitas mulheres e meninas ainda sofrem discriminação e não têm acesso à saúde e a serviços jurídicos e sugere que políticos, profissionais de saúde e doadores de todo o mundo acelerem os esforços para combater a violência conjugal, adotando com cinco ações consideradas essenciais para o combate ao problema.

Primeiro, devem os governos alocar recursos necessários para enfrentar a violência contra as mulheres como uma prioridade, reconhecendo-a como uma barreira para a saúde e desenvolvimento.

Segundo, eles devem mudar as estruturas discriminatórias (leis, políticas, instituições) que perpetuam a desigualdade entre homens e mulheres e a violência conjugal.

Terceiro, os países devem investir na promoção da igualdade, de comportamentos não-violentos e de apoio não estigmatizante para os sobreviventes.

Em quarto lugar, eles devem reforçar o papel da saúde, segurança, educação, justiça e outros setores relevantes para a criação e implementação de políticas de prevenção e de resposta em todos estes setores, e integrando a prevenção e resposta à violência em esforços de treinamento.

Por último, os gestores públicos devem apoiar a investigação e a programação para aprender o que intervenções são eficazes e como transformar evidências em ação.

Como se pode ver, o caminho da mulher para fugir à violência é longo, e certamente ainda vai exigir dela muita humilhação, constrangimentos, sofrimento e dor, o que é lamentável.






Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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