14 junho 2014

Pai tira filho de protesto: "Rosto tampado não é manifestação"

Foto: reprodução

"De rosto tampado, não é manifestação. Se você está defendendo uma causa, você tem que mostrar o seu rosto, a sua cara", foi a expressão usada pelo funcionário público Osvaldo Ruz Baldi ao tirar o filho de uma manifestação contra a Copa do Mundo na última quinta-feira (12/06), em São Paulo. Segundo ele, que é contra o uso de máscaras em protestos, agiu assim porque temia pela segurança de Renan, o filho e manifestante mascarado de apenas de 16 anos. Ainda de acordo com Baldi, o uso de máscaras típicas dos adeptos da tática black bloc poderia tornar o filho um possível alvo da violência policial: "Com o rosto coberto, é mais fácil de ele tomar uma borrachada ou bala de borracha, spray de pimenta na cara." Além disso, na sua visão, o adolescente até poderá exercer o direito de protestar quando estiver trabalhando: "Você vai ter o seu direito quando você trabalhar e ganhar seu dinheiro".

Na discussão que se instalou entre pai e filho, Renan respondia afirmando que queria "estudo" e lutar contra injustiças: "Deixa eu protestar. Eu quero estudo", disse o adolescente. "Não me interessa. Você já tem. Eu pago sua escola", respondeu com segurança o pai, tudo sob o olhar assustado da mãe, que acompanhava o desenrolar dos fatos. Quando a turba de manifestantes começou a hostilizá-lo, Baldi puxou o filho, e junto com a mulher saíram caminhando do local do protesto.


Baldi, o pai, e Renan, o "manifestante" (foto: reprodução)

No dia seguinte ao desentendimento, numa entrevista à GloboNews, Renan se disse surpreso com a reação do pai, até porque não esperava que ele fosse ao protesto. Sobre a atitude tomada por Baldi, a resposta por curta: "Péssima".

- Eu não queria sair de lá. Tanto é que no momento, ele foi me arrastando, eu fiquei tão estressado na hora que não percebi os outros ao meu redor - disse o garoto.

Baldi reiterou a explicação que já tinha dado na véspera. Ele teme que o filho se machuque durante os protestos, principalmente se estiver usando uma máscara.

- Na hora que a polícia vai pra cima, não vai escolher em quem bater ou não. Eles recebem uma ordem, eles têm que agir”, disse o preocupado pai, acrescentando: “Deus o livre se uma bala de borracha pega na vista dele. E aí? Vai sobrar para a gente", completou.

Teimoso como a maioria dos jovens de sua idade, Renan, que é de uma família de classe média da Zona Leste, garante que não pretende mudar seu comportamento, afirmando que vai continuar indo aos protestos, onde fará “o que for preciso para ter algo de bom para o povo”. Com o rosto coberto? “Se for preciso, sim”, responde o garoto, ao que o pai responde prontamente: “Se eu estiver perto, não”.

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Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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