14 fevereiro 2014

A mórbida semelhança entre o Parlamento brasileiro e os black blocs

Foto: reprodução

O Parlamento brasileiro, através da Câmara dos Deputados, deu à Nação brasileira uma das maiores demonstrações da falta de ética, caráter e do fisiologismo de seus integrantes. Sem a máscara do voto secreto, que libera seus mais baixos instintos e interesses corporativos, sem poder trair o cidadão que grita nas ruas contra a corrupção, os nossos briosos parlamentares cassaram o mandato do deputado Natan Donadon (sem partido-RO) na noite da última  quarta-feira (12/02), na primeira votação aberta da Casa num processo de cassação. Num total de 468 deputados presentes, foram 467 votos a favor e apenas uma abstenção, o que deixa claro e muito vivo o despudor de nossos legisladores no Congresso Nacional e mostra que ainda temos muito que aprender em termos de democracia até chegarmos ao ponto de atender aos legítimos interesses da população, sem manobras e subterfúgios.

Foi uma sessão história, não há dúvidas, mas no sentido negativo. Postos sob a luz dos holofotes de toda a mídia, sem o acobertamento do anonimato, todos se apressaram a condenar o até então "companheiro" Natan Donadon, como se ele fosse um cão sarnento, numa atitude inteiramente contrária à do primeiro julgamento em plenário, ainda com o voto secreto, quando os senhores deputados, agindo como agem os mascarados black blocs, depredaram as instituições e atropelaram a legítima ânsia de justiça do povo brasileiro.

Com o voto aberto, fora das masmorras legislativas, algumas mudanças podem surgir no horizonte do país. De cara limpa, sujeitos ao crivo do eleitor, os nossos parlamentares agora terão que assumir a responsabilidade acerca do que decidem, o que certamente pesará no futuro político de cada um deles, desde que, e outro não pode ser o raciocínio, o cidadão brasileiro passe a respeitar um pouco mais o voto que deixa na urna a cada eleição.

Aliás, já que estamos falando sobre máscaras, o momento é oportuno para que as autoridades brasileiras, entre elas o próprio Legislativo, comecem a agir contra os black blocs e quem os financia, como vem sendo denunciado pela mídia. Nada contra os protestos, até porque, além de legítimos, eles são o único meio de pressão ao alcance do povo insatisfeito com os rumos da política no Brasil. As manifestações devem continuar a acontecer, mas sem a máscara do anonimato, com cada um assumindo o ônus da violência e vandalismo que praticar. Com toda a certeza, o corporativismo político e os atos de barbárie vão diminuir por esse Brasil afora.





Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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