08 janeiro 2014

Crise e violência não abalam o apetite de Roseana Sarney

Foto: reprodução

Os desmandos da "família Sarney" já foram tema de pelo menos uma dúzia dos quase 1.700 textos até aqui publicados pelo Dando Pitacos. Agora, ainda que em meio a uma crise que envolve a violação de direitos humanos nos presídios do Maranhão, especialmente no Complexo de Pedrinhas, e os atos de violência praticados contra a população inocente e indefesa, questões duramente criticadas pela Organização das Nações Unidas - ONU e Anistia Internacional, surge a notícia de que mais de R$ 1 milhão em alimentos deverão abastecer as casas oficiais da governadora Roseana Sarney (PMDB-MA), pelo período de um ano, de acordo com os pregões nº 070/2013 e nº 071/2013, que preveem a contratação de empresa especializada no fornecimento de gêneros alimentícios perecíveis e não perecíveis, respectivamente, cuja documentação oficial está disponível no site da Comissão Central Permanente de Licitação do governo, que deverão ser entregues no Palácio dos Leões (sede do governo), no Palácio Henrique de La Rocque (Casa Civil) na e Residência de Veraneio da governadora, na Ponta do Farol, em São Luís.

Na lista de alimentos perecíveis, que totaliza R$ 617.514,61, os destaques vão para os pedidos de 500 kg de galinha caipira fresca (R$ 13.665,00); 850 kg de filé mignon limpo (R$ 29.180,50); quase duas toneladas e meia de camarão, entre os tipos fresco grande e médio e seco torrado e graúdo (R$ 102.045,00); além de 180 kg de salmão fresco e defumado (R$ 9.760,00) e 80 kg de lagosta fresca (R$ R$ 6.373,60).

Na relação dos alimentos não-perecíveis, cuja despesa importa em R$ 504.205,90, constam 1.500 vidros de azeite de oliva espanhol e português (R$ 30.715,00); 100 kg de castanha de caju (R$ 5.238,00); 80 kg de castanha do pará e castanha portuguesa (R$ 5.267,50); 60 vidros de geleia francesa de morango, pêssego e cassis (R$ 648,00); 1.200 fardos de ração para peixes (R$ 108.600,00) e 15.200 unidades de bebidas, entre refrigerantes e água mineral (R$ 69.100,00).

De acordo com o item 5.1 dos editais, todos "os gêneros alimentícios ofertados devem ser de primeira qualidade e de marca conhecida nacionalmente". O Pregão n° 070/2013 tem abertura marcada para as 14h30 desta quinta-feira (09/01) e o Pregão n° 071/2013, para o mesmo horário, na sexta-feira (10/01).

A prática, apesar de imoral, é comum, e se espalha pelos quatro cantos do país, independentemente das condições de sobrevivência de seus cidadãos. Em agosto do ano passado, por exemplo, depois que a coisa foi parar na mídia, o governo do Piauí cancelou uma licitação, com o mesmo objetivo, que previa gastos de R$ 6.398.337,96 para abastecer as casas oficiais do governador Wilson Nunes Martins (PSB). A lista de gêneros necessários aos banquetes de Sua Excelência trazia itens como camarões, lagosta, picanha, macarrão instantâneo, chicletes, rapadura, produtos de higiene, material de limpeza e até cosméticos.

Na mesma ocasião, reportagem feita pelo portal UOL mostrou que o governo do Ceará, capitaneado por Cid Gomes, contratou um bufê para servir caviar e lagosta, com gastos estimados em R$ 3,5 milhões.

Há pouco mais de dois meses, também pressionado pela mídia, o Senado resolveu reduzir o valor da compra de alimentos, material de limpeza e higiene para a residência oficial Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente da instituição. O custo de seis meses da verdadeira orgia glutônica de Calheiros caiu pela metade: de R$ 98 mil para R$ 43,3 mil.

Quem você acha que são os verdadeiros culpados nessas historinhas imorais: os políticos, que se locupletam com o dinheiro público, ou os eleitores que os elegem?






Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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