22 fevereiro 2013

Depois de 10 anos nas drogas, jovem passa em concurso e tenta vestibular

Eduardo Matos

Eduardo Matos, 30 anos, deixou a casa da mãe em Inhumas, Região Metropolitana de Goiânia - GO e vagou por diversas cidades do interior até chegar à capital. Depois de 10 anos convivendo no mundo das drogas, ele resolveu mudar de vida. Além da luta para se livrar do vício, ele casou, passou em um concurso público, e está estudando para para realizar um sonho: ser psicólogo.

Sua caminhada pela recuperação começou na Casa de Acolhida, um albergue mantido pela prefeitura de Goiânia, por onde passam dezenas de sem-teto e moradores de rua. Hoje ele trabalha como auxiliar de serviços gerais no local que o acolheu, onde chegou sem dinheiro, vários quilos mais magro e dependente químico.

- Eu usava tudo. Comecei com maconha, depois fui para a cocaína e o crack. Estava mesmo no fundo do poço - recorda Eduardo.

Decidido a ter uma vida diferente, ele começou a frequentar um grupo de ajuda a dependentes químicos e chegou a pensar em se internar, mas acabou optando pela matrícula no programa de Educação de Jovens e Adultos - EJA, onde terminou o 2º grau um ano depois. Mas não foi só isso. Por conta própria, ele passou a estudar para o concurso de educador social da prefeitura de Goiânia, onde foi aprovado e aguarda convocação. Enquanto ela não vem, ele faz um curso de técnico em eletrotécnica no Senai, além do meio expediente que dá na Casa de Acolhida.

A aprovação no concurso trouxe novas expectativas para Eduardo. Animado, ele prestou vestibular para comunicação social-audiovisual, na Universidade Estadual de Goiás, sendo aprovado na primeira fase, mas tropeçando na segunda etapa, o que não lhe diminiu o moral.

- Agora eu vou estudar para valer, eu vou com tudo, quero passar na Federal (Universidade Federal de Goiás) - afirma o jovem.

Ele sabe, porém, que precisa vencer uma batalha por dia, por isso, leva a vida observando alguns cuidados.

- Eu não me permito mais a algumas coisas. Vou sair para a balada, lugar que tem bebidas? É lógico que se eu fizer isso, vou cair. Também não vou ficar andando com amigos que usam crack - revela, dando um conselho aos que estão na estrada por onde ele já passou.

- É preciso procurar ajuda e aceitar que a dependência química é um doença crônica, progressiva, incurável - ensina ele, acrescentando que o mais de tudo é ter força de vontade.

Todo mundo sabe que ninguém sai da rotina das drogas de um momento para o outro, num passe de mágica. Muito pelo contrário, é preciso matar um leão a cada dia. Mas o mais importante ele já fez: resolveu lutar! E da forma mais inteligente possível: mergulhando no trabalho e nos estudos, sonhando com uma vida digna e cidadã. O caso de Eduardo deveria ser analisado com muita atenção, principalmente pelas autoridades responsáveis pela ajuda aos dependentes químicos. Ele é o exemplo vivo do que podem fazer uma mão estendida e a oportunidade de trabalho. Além disso, se um terço do dinheiro que se esvai pelo ralo da corrupção política há anos fosse efetivamente direcionado ao tratamento e recuperação de drogados, tenho certeza, milhares de "Eduardos" já estariam fora da sarjeta trabalhando e contribuindo para um país melhor. Você concorda? Deixe o seu comentário.


G1








Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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