09 maio 2012

Ministério Público Federal quer saber se clip de Alexandre Pires é racista

Visando apurar denúncia feita pela ouvidoria da Secretaria de Políticas e Promoção da Igualdade Racial - Seppir, órgão da Presidência da República, o Ministério Público Federal - MPF de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, vai apurar se o clip da música "Kong", produzido pelo cantor Alexandre Pires, contém algum tipo de discriminação racial ou sexista.

De acordo com a denúncia, feita pelo órgão governamental no dia 26 de abril último, "o vídeo utiliza clichês e estereótipos contra a população negra" e "reforça estereótipos equivocados das mulheres como símbolo sexual".

Alexandre Pires compareceu à sede do Ministério Público Federal em Uberlândia, no dia 3 de maio, onde prestou declarações. Em nota, ele diz estar "profundamente chocado com qualquer leitura racista ou sexista" vista no trabalho.

E pergunta: "Devemos tratar toda e qualquer brincadeira com macacos e gorilas como uma referência a ser apagada da nossa memória? King Kong, Chita, Monga, eram todos personagens com alguma leitura que não a do genuíno entretenimento?"




Quem não se lembra das polêmicas que a Secretaria de Políticas para as Mulheres, da Presidência da República, criou com Gisele Bündchen e os personagens Valéria e Janete, do "Zorra Total", além de Baltazar e Celeste, de "Fina Estampa", da grade de programação da Globo?

Acho que estamos diante de uma situação parecida. Alexandre Pires não está na lista dos meus preferidos em matéria de música, mas assisti ao clip e não vi nada além do que tem sido mostrado pelas novelas da Globo, da Record e pelas propagandas (algumas ridículas) de cervejas. Pior que isso, são as meninas que a partir dos dez ou onze anos de idade se prostituem Brasil afora. Por que ainda não criaram, por exemplo, a "Secretaria de Políticas de Proteção ao Menor Prostituído no Maranhão de Sarney - Sppmpms"? Que fim levou a investigação sobre o caso da menina de 15 anos mantida numa cela com 20 homens, por mais de um mês, em Abaetetuba, no interior do Pará, em 2007? Quem ou quais foram os responsáveis por esse crime hediondo? Alguém foi preso? Que contas prestou à população, mas principalmente à família da jovem, a governadora Ana Júlia Carepa?

De uns anos para cá, só não enxerga quem não quer, a quantidade de artistas, clips e obras musicais medíocres só fez crescer de forma avassaladora. Essa verdadeira onda, mais do que estereotipar a população negra ou a mulher, explora e escraviza a inteligência do povo, sem que os órgãos governamentais, em qualquer dos níveis, tomem alguma atitude, até porque isso, por razões que já conhecemos, não interessa ao meio político. Por que nunca pensaram em criar a "Secretaria de Promoção de Políticas da Melhoria Intelectual - Sppmi". Não seria ótimo?

Imagine essa letra de música (que não existe, é claro): "Preto, se você soubesse o valor que o branco tem. Tu tomava banho de talco, preto, e ficava branco também". Será que terei algum problema com a Secretaria de Políticas e Promoção da Igualdade Racial - Seppir? Acho que não, até porque quando compôs Ylê Ayê, o grande Gilberto Gil escreveu: "Branco, se você soubesse o valor que o preto tem. Tu tomava um banho de piche, branco e, ficava preto também". Não é a mesma coisa, apenas com tonalidades diferentes?

Somos um povo livre, que sabe escolher seu caminho e parceiros de convivência. Sentimentos ou atos discriminatórios sempre existirão, porque são parte da natureza humana, que ninguém jamais vai padronizar. O importante é que o brasileiro, até por sua origem, aprenda a conviver com isso, o que já vem acontecendo há muito tempo. Com certeza, não precisamos desse tipo de gente para querendo dirigir nossas opiniões e conceitos. Chega de fiscalização e patrulha!


Fonte: G1



Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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