07 abril 2012

Flamengo: perdido dentro e fora de campo

Torcer para o futebol do Flamengo já foi motivo de satisfação e glória. Em 1980, por exemplo, num Maracanã lotado, fiz parte da festa rubro-negra na comemoração do título brasileiro, após um inesquecível 3x2 sobre o timaço do Atlético Mineiro liderado por Reinaldo, um dos grandes artilheiros do nosso futebol. Considerado o maior time da sua história, com a maioria dos jogadores revelados nas divisões de base do clube, o Flamengo, comandado pelo genial Zico, conquistou o Campeonato Mundial Interclubes, em 1981, a Taça Libertadores da América e o Campeonato Carioca do mesmo ano. O mesmo grupo foi a base para a conquista dos títulos nacionais de 1982, 1983 e 1987.

Em 1981, mesmo enfrentando uma verdadeira maratona de jogos, o time sempre atuou com disposição e vontade de vencer.

Conquistou três títulos em apenas 12 dias, e o mais importante deles, o Mundial Interclubes, veio no dia 13 de dezembro, em partida disputada contra o campeão europeu, o Liverpool, em Tóquio - Japão, quando o Flamengo, diante de 62 mil pessoas, deu um baile nos favoritos ingleses, fazendo 3x0 ainda no primeiro tempo, com gols de Nunes, aos 13' e 41', e Adílio. aos 34'. Uma conquista que encheu de orgulho a grande torcida rubro-negra.

Em cima, esquerda para a direita: Leandro, Raul, Mozer, Figueiredo, Andrade e Junior
Embaixo, também da esquerda para a direita: Lico, Adílio, Nunes, Zico e Tita

Mas estamos em abril de 2012, e na última quarta-feira (04/04), jogando um futebol covarde e sem nenhuma qualidade técnica ou tática, o mesmo Flamengo foi derrotado pelo Emelec, um desconhecido, inexpressivo e fraco clube do futebol equatoriano.

Foi uma noite trágica, onde nada deu certo. Mas o maior problema não está apenas no sofrível time do ridículo Joel Santana, mas na falta de comando de um clube perdido, dentro e fora de campo, há quase três anos, e a única responsável por isso é Patrícia Amorim, que a cada dia que passa age mais como política em campanha por um novo mandado do que como presidente de um clube de futebol, menos ainda de um clube de futebol da envergadura, tradição, honra e glórias do Clube de Regatas do Flamengo.

Entre todos os técnicos até aqui contratados, à exceção de Joel Santana, que eu ainda não sei o que veio fazer aqui, a reclamação sempre foi a mesma: falta de apoio da diretoria do clube. Culpa de quem? Da Patrícia Amorim, é claro, que trouxe para a administração do Flamengo os vícios e ranços da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, e se escorou em um grupelho de ex-colaboradores da desastrada administração Edmundo Santos Silva, que agora se diz traído e decepcionado.

Mas a coisa não fica aí. Como bem lembrou o jornalista Renato Maurício Prado em sua coluna de O Globo, "além de ligações de caráter duvidoso, como as que fez com a Locanty (uma das empresas flagradas, pela reportagem do Fantástico, oferecendo propina para conseguir contratos com a UFRJ), Patrícia adotou práticas altamente discutíveis, como a adoção de cartões corporativos para que seus pares façam despesas que são pagas diretamente pelo clube".

Ainda de acordo com o colunista esportivo, "os agrados ao presidente do Conselho Fiscal, o ex-chefe de torcida, Capitão Léo, também são alvo de censura contundente. Para "ganhar" a simpatia deste, Patrícia lhe entregou o comando do novo departamento de futebol de areia.

- É ou não é uma espécie de "mensalão" disfarçado de atividade esportiva? — fuzila mais um de seus muitos críticos, lembrando que o futebol de areia do Fla também tinha o patrocínio da Locanty.

- E a escolha do "Cascão" (filho do ex-técnico Cláudio Coutinho e atual vice de futebol)? Pode haver demagogia maior? Qual a experiência dele no futebol, além de acompanhar o pai, quando menino? E o "interesse" pelo Adriano? Mais um lance pra arquibancada! - condena outro desafeto".

Acho que Renato Mauricio Prado também tem razão quando diz que "o maior de todos os pecados, entretanto, acabou acontecendo exatamente naquele que parecia ser o maior feito: a festejada contratação de Ronaldinho Gaúcho, após um ferrenho leilão com o Grêmio e com o Palmeiras. Ao contrário do que se esperava, o Dentuço não correspondeu a nenhuma das expectativas: pouco brilhou em campo e não trouxe para o clube os patrocinadores que, se acreditava, seu nome poderia atrair.

Pior: seu comportamento altamente antiprofissional (desde os primeiros dias, é importante que se ressalte) contaminou boa parte do elenco, tornando o Flamengo um time sem garra, sem comprometimento, sem nada. Até alguns jovens da promissora geração que conquistou a Copinha, em 2010, já exibem uma postura blasé, dentro de campo, e irresponsável, fora dele".

Não satisfeita, D. Patrícia, que como presidente do clube de maior torcida do país revelou-se uma grande nadadora, ainda quer o Adriano de volta ao time. Pode?



Sobre o Autor:
Carlos Roberto Carlos Roberto de Oliveira é advogado estabelecido em Nova Iguaçu - RJ. A criação do Dando Pitacos foi a forma encontrada para entreter e discutir assuntos de interesse geral.

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